Sunday, May 11, 2014

Efemeridades

De longe vi-te,
contemplei-te
e traguei-te sabendo que eras miragem numa desesperada fome de prazer da visão...

Digeri o que fragmentei da tua imagem na minha mente
e engoli em seco todas as lascas inteiras que fui ignorando,
sentindo-me rasgado, mas satisfeito...

Mas cedo a fome incomodava-me incessante
intolerante e aberrante,
como constantes garfadas na minha mão...

Estigmatizado, apercebi-me do quão cativo me tornara,
amarrado a uma beleza que só se alimenta de si
e vi-me ignaro, afogando-me na minha própria estupidez...

Mas não há bem que perdure e mal que sempre dure
e o despertar da derradeira saciação havia chegado...
E não mais procurei a tua beleza,
que no fundo não é mais do que uma quimera...
que mata quem a alimenta...
que há-de terminar sem que te apercebas e aí
serás tu a morrer da fome dos que te procuraram para lá do que parecias ser...

Aí o mundo será a ilusão onde te perderás sem fim à vista,
tendo ele assim o proveito que lhe sugaste um dia...


Mas sem rancores guardados,

pois para além de me teres morto enquanto me afagavas as costas,
agora vivo de cicatrizes eternas que me ensinarão muito mais do que a tua simples e cativante máscara gasta...



神龍、11日5月2013年

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