Friday, March 4, 2011

O decorrer da vida/O amor das amizades...

Caminhando sobre um roseiral, mostra-me Isabel o que é o verdadeiro 神道(shintou)...
Altruísmo não se constrói do dia para a noite...
Passo por umas primeiras roseiras de ainda infantas flores, cujo brilho ainda não desabrochou, mas sim apenas a graça de seus botões...
Seus típicos espinhos também não tardam em aparecer...
e olhando para cada prima dama, notando no seu embaraço, demonstro todo e qualquer esplendor, cicatriz ou devaneio, como que uma apresentação de mim por inteiro... uma troca de confiança é feita e estas, mesmo diante de mim, florescem com as mais belas, quase que fluorescentes, pétalas...
Contudo o tempo passa e quer tarde ou cedo, nota-se traição mesmo que não intencional...
As roseiras também ondulam como as heras, porém estas primeiras trazem consigo armas na mão prontas para atacar com a mais puras das subtilezas ou com a maior das violências...
Não atento aos primeiros ensinamentos de Isabel, deixei-me levar pelo amor que tinha às rosas e estas, aproveitando-se da minha cegueira, envolveram-se por todo meu corpo, entranhando seus espinhos na minha carne...
Ao ouvir o chamamento de minha mentora, acordo da hipnose em que os aromas e a beleza destas pequenas me puseram...
Quais alcunhas, títulos, epítetos... Quais postos, rótulos, nomes e cognomes...
Nada mais é do que uma máscara, um desvio de atenção do que realmente flui por dentro, toda a escondida essência humana...
Observo tudo em redor de mim e aproveitando-me da hipnose que outrora me enfeitiçara e que envolvera as próprias traidoras durante o processo, livro-me de todas elas sem notarem, abandonando-as no seu acordado delírio onírico...
Apesar de tudo não abandono o resto do roseiral e Isabel, pegando-me pela mão gentilmente vai-me mostrando a passo lento quais as rosas a apanhar e qual intenção ao fazê-lo, caso tenha de haver uma...
E deparo-me com mais embaraçados botões que conforme o desenrolar de sua história, simplesmente nem lhes chegam a crescer espinhos...
Outras já adultas, desabrochadas e maduras flores deixam-se apanhar ainda reticentes, mesmo depois da troca de confiança... e o mais irónico, possuem dos maiores e mais perigosos espinhos, mas ainda assim parecem que os afastam propositadamente quando abraçam alguém... valores sensatos são explorados e a sua ligação com quem amam é inquebrável e pura, sem mácula ou mágoa...
E assim as amo... até ao dia em que perder meu tino...
E Isabel sorri-me...


神龍、4日3月2011年

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