Bailando pelo céu vão o vento e as nuvens…
As estrelas, a lua, o sol…
Até seres divinos que nunca vimos
e talvez nunca veremos…
Fico a pensar, será a solidão um mal adquirido?
ou algo inato? Será mesmo um mal?
É como esperar por tudo sem nunca encontrar nada,
Ânsia pelo bom e receio pelo mau
sem nunca encarar nenhum,
uma agonia soberba que torna o tempo num carrasco…
Por mais facadas e trespasses de espadas,
Por mais dores extraordinariamente insuportáveis,
tudo e mais que possamos sentir
no confronto inevitável com a realidade da vida…
Nada! Mesmo nada é mais doloroso e angustiante que a solidão…
E por fim sentimos algo cair por trás
num tom seco, pesado e pavoroso…
…como se fosse uma lápide…
Olhamos…
E deparamo-nos com uma cena divina, macabra, mas divina…
Um anjo ensanguentado,
de túnicas largas, brancas e algumas faixas negras e cinzas meio rasgadas…
de asas magnas e gigantes, com penas de um dégradée brilhante entre o branco e o negro…
de cabelos longos e soltos pelo vento…
de olhos estranhos e fatais de um frio réptil demoníaco…
de unhas longas e afiadas, garras de mentira, ilusão e frustração…
de feridas descaradamente abertas, mostrando um coração transfigurado…
tudo isto ensanguentado…
E reflectimos…
E vemos que o que caiu…
O anjo de cinzas e sangue…
somos nós mesmos…
Perdurando para sempre em cinzas abandonadas
cobertas por uma vida vermelha desperdiçada em pensamentos, emoções e acções em vão,
que talvez delas nunca mais se recordarão,
pois o carrasco tratará de as apagar para sempre
deixando as cinzas para trás
para que delas nasça uma nova vida
criando mais cinzas…
Didacus, 17 de Março 2007
Sunday, April 8, 2007
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